1. quarta-feira, 26 de abril de 2017

    A gente começou a namorar desde a primeira vez que se viu. Mentira! A primeira vez não conta, porque faz mais de três anos e apesar dos vários registros fotográficos, aquela não é a Isabela que sou hoje. E aquele, de alguma forma, não é você.
    Então, a gente namorava desde a segunda vez que a gente se viu. Lembra? Faz tão pouco tempo mas já está tão longe na memória. A gente começou a namorar quando o garçom do bar achou que a gente já namorava e insistia pra você se declarar. Ali, na esquina do boteco mais frequentado pelos estudantes da USP, entre a sua timidez e a gargalhada, a gente começou a namorar. Já namorávamos pois em pouco tempo, já tínhamos uma lista imensa de piadas internas. Namoramos quando você resolveu que, no meio de um cigarro (que você nem gosta), fumado em pé (que eu não gosto), deveria me beijar. Foi tão bom e tão certo que logo ali, numa quarta-feira chuvosa de Janeiro, a gente já sabia que namorava. Namoramos porque dormimos juntos - e bem - numa cama de solteiro improvisada da minha nova casa. E também por que no outro dia de manhã, te dar tchau no portão já tinha gosto de saudade. Como é possível? A gente namora bem antes de oficializar as coisas. Todo mundo sabe quando está namorando, mas acontece tão rápido que a maioria de nós fica meio perdido neste começo de namoro tão gostoso mas totalmente desavisado. Não sei se existe outro jeito de se apaixonar a não ser namorando desde o primeiro encontro. Sempre achei que quando é amor, acontece muito fácil. Amor, quando acontece, tem que ser calmo, seguro e leve, bem parecido com o seu sorriso desnorteado quando acorda de manhã.


  2. São tempos difíceis. Todo dia um direito social é tirado. Todo dia meus amigos são discriminados. Todo dia eu ouço ódio disfarçado de opinião. Quase todo dia eu acho que não tem solução. Quase. Hoje não é um desses dias.
    Hoje é o dia em que uma amiga de infância me manda mensagem dizendo obrigada e pedindo desculpas. Há um tempo atrás, diz ela, eu comentei em uma postagem e de alguma forma ajudei-a a abrir os olhos. Hoje é o dia que ela contou pra mim como mudou de ideia. Não lembro da postagem, não lembro do meu comentário, mas me emocionei. Todo dia eu ouço que sou exagerada, que sou ingênua e que não adianta conversar, nada vai mudar nunca. Todo dia eu sinto que falo, brigo e luto em vão. Mas não é. Faço tudo isso pra que em meio a vários dias difíceis, numa quarta-feira chuvosa, alguém me lembre que não estou sozinha.